segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Final Atribulado

Pelo desenrolar dos acontecimentos, percebi que o primeiro plano de sair dali sem sermos vistos tinha saído furado.
Nem consegui pensar num outro plano de fuga, achei que era o fim, estava encurralada. Podia voltar para trás e percorrer novamente o caminho até ao subsolo, ou ia em frente e muito provavelmente o resultado não iria ser muito bonito. 
Mas, antes de poder pensar numa terceira solução, os meus novos cúmplices começaram a subir as escadas de um modo desenfreado. Atiram-se contra o opositor, acabando mesmo por derrubá-lo. Tinha agora a oportunidade de voltar à superfície, recuperar o relógio e tentar que a realidade volta-se ao seu estado normal.
Corri logo atrás deles e apanhei a caixa que entretanto tinha sido atirada para fora do quarto.
Assim que apanhei a caixa, olhei para dentro do quarto à espera de qualquer tipo de indicações do casal, uma vez que não fazia ideia de como utilizar o que tinha em mãos.
Mas tinham desaparecido! O Elijah poderia ter sido derrubado, mas logo se pôs de pé e não iria deixar passar a traição. Atirou-os aos dois para dentro do alçapão, de um modo tão violento que tiveram morte imediata.
Agora, a única pessoa com quem poderia contar era comigo mesmo, e não sabia qual era o próximo passo.Comecei a mexer no relógio, revirei todos os botões e nada acontecia. Era bom que descobrisse como arranjar a minha situação, ele já tinha acabado com os outros dois e agora vinha na minha direcção. Fechei os olhos, talvez numa tentativa de não presenciar o meu fim, e tentei pensar, que pelo menos, durante uns segundos tudo aquilo não fosse verdade. Quando dei por mim, tinha passado mais que tempo suficiente para que Elijah chegasse perto de mim, por isso, abri os olhos. Estava agora no meu quarto, que já não era o quarto de arrumos, era mesmo o meu quarto de sempre, com móveis e decoração incluídos.
Ouço a mãe a chamar-me para tomar o pequeno-almoço, vou até ao corredor e consigo ouvir o pai a cantarolar no banho. Desço as escadas e vejo o meu velho amigo Izzy, a correr na minha direção, e começa a lambuzar-me a cara.
Parece que tudo tinha regressado à normalidade, à minha normalidade. Pelos vistos, o poder do relógio residia no pensamento de quem o possuísse, e parece que, os meus últimos pensamentos, ou o que eu julgara serem os últimos, resolveram toda a situação.
Sentei-me à mesa da cozinha, e esperei que a mãe me servisse as suas deliciosas panquecas de domingo, o cheiro destas delícias temperava o ambiente daquela manhã de sol.
A única pessoa que ainda não tinha visto era o meu irmão. Então perguntei à mãe onde estava o meu irmão. Ao que ela me respondeu:
- Irmão? Qual irmão?! Já tivemos esta conversa muitas vezes, o pai e eu não quisemos ter mais filhos. Temos-te a ti e olha que já nos dás trabalho a dobrar.

Ela não podia estar a falar a sério, como poderia isto ter acontecido? Era óbvio que alguma coisa tinha corrido mal neste processo. Nunca mais soube onde teria ficado o relógio, o meu irmão desapareceu para sempre, assim como a casa ao lado, que havia sido demolida. 

domingo, 5 de janeiro de 2014

Plano

Para recuperar o relógio, tinha à minha frente as duas pessoas mais indicadas para a tarefa.
De certeza que Elijah queria livrar-se deles, para os ter escondido naqueles túneis. Agora que eu os tinha libertado, podiam ajudar-me e eu poderia ajudá-los a eles a vingarem-se da pessoa que os tinha aprisionado.
Os meus maiores trunfos estavam mesmo à minha frente. Nada melhor do que pessoas com sede de vingança para atingir um objectivo, e tramar quem os tramou a eles. 
É claro que as minhas razões eram totalmente diferentes das deles. Eu queria recuperar a minha família, enquanto que eles talvez quisessem voltar a viver uma vida normal, sem ninguém a controlá-los.
Tinha de arranjar um plano e eles iriam ajudar. Primeiro tinha de descobrir os possíveis locais onde ele poderia estar, com as consecutivas tentativas de roubar o seu bem mais precioso, o relógio deveria andar com ele.
Viveram tantos anos às suas ordens, que deveriam saber muito sobre ele. Pois, acabaram por confessar que ele estaria no local menos provável e ao mesmo tempo mais óbvio. E, por mais estranho que pareça, Elijah estava agora a morar na casa que se encontrava mesmo por cima das nossas cabeças.
O plano passava por sair daquele local, sem que ninguém se apercebesse que estávamos a escapar. Tínhamos de o apanhar de surpresa e para isso era essencial que ele pensasse que eles se encontravam presos. Depois, era só procurar onde teria escondido o relógio. O que não deveria ser difícil de encontrar. Os meus novos cúmplices contaram-me que, para que o relógio pudesse ser utilizado teria de antes ser guardado na mesma caixa, onde eu o teria visto pela última vez.
Arrastar aqueles os dois por aqueles túneis não foi nada fácil, não se alimentavam há alguns dias. Mas, também nem tentavam disfarçar, queixaram-se o caminho todo e basicamente por tudo. Esperava que fossem tão bons a procurar a caixa, como são a fazer queixas.
Chegamos ao cimo da escadaria, a entrada que tinha deixado aberta, encontrava-se agora fechada. Assim, seria difícil procurara a caixa.
Mas, a nossa vida tinha acabado de ficar facilitada, a entrada abriu-se e Elijah encontrava-se à nossa espera, no final das escadas. E tinha a caixa que procurávamos nas suas mãos.


sábado, 4 de janeiro de 2014

Usar o tempo a nosso favor

Estavam-se a esquecer de um pormenor importante: no meio desta história, sem pés nem cabeça, onde é que a minha família, eu, e os problemas que apareceram do nada se encaixavam?
Pois, era esta a explicação que eu estava à espera. Na minha situação, a última coisa que me apetecia fazer era ouvir uma história estranha, debaixo de terra.
Mas, finalmente chegaram à parte importante. 
Tudo começou pelo princípio. Ao início, eles aperceberam-se que eu estava interessada em saber mais sobre a casa, a tentar perceber o que se passava. Sentiram-se ameaçados, porque havia alguém que desconfiava do que andavam a fazer.
Quando andava a tentar infiltrar-me na casa, na realidade consegui lá entrar e procurar por evidências em cada uma das divisões. Pelo que eu me lembro, nunca cheguei a passar da sala e a única coisa estranha que presenciei, para além das duas estranhas figuras que estavam à minha frente, tinham sido barulhos estranhos vindos da cave, quando os visitei durante a mudança.
Esta era a minha versão dos acontecimentos, a deles era diferente. Depois de terem recusado os meus serviços como jardineira, decidi voltar lá no dia seguinte e entrar na casa sem que ninguém percebesse. Visitei todas as divisões e revistei todas as gavetas. Num dos quartos, o mesmo quarto por onde tinha entrado para os túneis, encontrei, numa caixa de madeira. Esta caixa, tinha um aspeto acabado, não parecia ter qualquer valor, algo que chamava à atenção era uma inscrição em latim. Na tampa estava escrito: “Tempus mutatur”. Achei curioso, e como não poderia deixar de ser, abria-a. E lá estava, um relógio de bolso sem ponteiros.
Nesse exacto momento, ouvi passos no corredor e escondi-me debaixo da cama, esperando assim, que ninguém me encontrasse. Quando tive oportunidade voltei para casa, e com muita sorte consegui sair daquele lugar, sem que ninguém tivesse dado pela minha presença.
Tudo piorou quando cheguei a casa e percebi que, desastradamente, tinha colocado o relógio no meu bolso.
Entretanto, os vigaristas da casa ao lado tinham dado pela falta do precioso relógio. Apesar de saberem que as coisas não iriam correr bem para o lado deles, tiveram de avisar Elijah. Assim que soube, moveu vales e montanhas para tentar descobrir quem o tinha levado.
Acabou por descobrir que tinha sido eu, o que não iria ficar barato. Recuperou o relógio e estava pronto para me dar uma lição. Brincou com o meu passado, fazendo desaparecer o meu pai, e depois, fez-me desaparecer a mim. Mas certificou-se que ficava a assistir a um mundo, onde nunca poderia intervir, como se fosse uma alma perdida a vaguear pelas ruas.
Por isso, não tinha memórias do sucedido, para mim era como se tudo isto, que me tinham acabado de contar, nunca tivesse acontecido.

Para que tudo voltasse ao normal, tínhamos de voltar a pôr as mãos naquele relógio e usar o tempo a nosso favor. 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Dono do tempo

No mesmo momento em que se estavam a preparar para fugir, um pouco desanimados, mas com alguma esperança de que o que encontraram pudesse valer o esforço, apareceu um homem atrás deles. Era uma cara conhecida, mais propriamente o dono do relógio.
Pouco depois, viram-se a ser levados para um local completamente diferente. Não que alguém os estivesse a transportar, estavam sozinhos a movimentar-se no espaço. Depois, acordaram num apartamento. Tentaram escapar, e quando chegaram à rua, já não era a cidade que conheciam. Tinham-se passado cem anos, e apesar de eles continuarem na mesma, tudo à sua volta se tinha modificado.
O relógio não tinha a função que normalmente lhe poderíamos associar. Permitia a quem o possuísse controlar o tempo. Desta forma, estes dois avançaram cem anos no tempo e viram-se reféns de um homem. Como se serem colocados numa época que não era a sua, não fosse suficiente, como punição por ousarem tentar roubar o que de mais precioso se conhecia, tornaram-se propriedade do homem sombrio, o que incluía estarem à mercê das suas ordens para todo o sempre.
O tão falado homem, era Elijah. Ninguém sabia qual era a sua idade, há centenas de anos que viajava no tempo, de época em época, do futuro ao passado, do passado ao presente…
Herdou o relógio do tempo do seu pai. O pai de Elijah, considerava que o objecto era uma arma muito perigosa, e que não poderia cair nas mãos de qualquer um. Desde pequeno que, Elijah, conhece os poderes do relógio. À medida que crescia tornou-se cada vez mais obcecado por o  possuir, estava ansioso por conseguir ter o poder que ele lhe poderia transmitir.

Para por oposição do seu pai, aquele relógio não iria parar às suas mãos. Cego pelo poder, e para poder atingir os seus objectivos, acabou por assassinar o seu pai. Era agora, o dono do tempo, com capacidade de controlar tudo e todos. 

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Último roubo

Pois bem, a resposta à minha pergunta chegou logo de seguida.
Houve um único plano deles que correu mal, que por sinal, acabou por ser o último.
Costumavam frequentar os jantares e encontros da mais alta sociedade, para assim, estarem a par das novidades. Não era que lhes importasse quem é que tinha casado ou quem é que tinha acabo de adquirir o mais amoroso e dispendioso cãozinho. O que lhes interessava, era os recentes bens adquiridos por cada uma das mais ricas famílias. Tornava-se bastante simples adquirir estas informações, uma vez que, o objetivo destes jantares era mostrar qual deles o mais rico, incluindo para isso, contar aos sete ventos onde tinham gasto o dinheiro no último mês.
Numa destas conversas, ouviram uma conversa entre dois homens. Um deles, vestia-se completamente de preto e usava luvas, e passava a maior parte do tempo sem falar com ninguém, como se não se enquadra-se naquele ambiente. 
Souberam que este homem possuiam uma mansão, que passava a maioria do ano abandonada. Mas, era onde guardavam uma grande fortuna em jóias. Pelo, menos era  a história que corria, este homem podia gabar-se de possuir o maior tesouro de todos. Gananciosos, consideraram que seria o roubo mais fácil, e também o maior que alguma vez fariam.
Assim, só precisavam de investigar o tipo de segurança, que estava a proteger o bem dito tesouro. Descobriram que não havia nenhum sistema envolvido, e decidiram avançar, mesmo considerando que seria fácil demais.
A mansão encontrava-se completamente desabitada. Com panos brancos em tudo quanto era mobília, os quadros pendurados em todas as paredes também se encontravam cobertos. Já o jardim estava imaculadamente arranjado e aparado.
Entrar foi fácil, quando chegou a hora de descobrir que direcção tomar, a história já foi diferente. Apesar de serem mais que muitos os quartos e divisões, tinham a certeza de que iriam encontrar o que pretendiam, e por isso, reviraram a toda a casa de alto a baixo.

E depois de todo o trabalho investido, acabaram por encontrar apenas um relógio de bolso, que nem ponteiros tinha. Mas, que era a única coisa de valor que poderiam retirar dali. 

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

História de ladrões

Percebi naquele momento, porque não havia ninguém em casa quando entrei. As duas pessoas, que lá moravam encontravam-se presas, mesmo por debaixo da sua casa.
Aprecei-me a desprende-los pois, deveria ser o que mais desejavam naquele momento e seria também a única forma de me explicarem o que tinha acontecido. Mas, como não sou parva nenhuma, primeiro fiz com que me prometessem que iriam contar a verdade, sem que nem faltasse uma única vírgula.
Começaram por dizer que não tinham sido eles a comprar a casa, moravam lá porque tinham recebido ordens para tal. Ao início era só para investigar a vizinhança, e assim, transmitirem as informações que iriam arrecadando. Só que depois, as coisas tornaram-se mais complicadas, quando perceberam que todas as informações dadas, iam tendo consequências nas pessoas a que se referiam. Quiseram afastar-se, mas devido à quantidade de informação que possuíam, foi-lhes impossível abandonar a tarefa sem mais nem menos. Sabiam demais, por isso, esconderam-nos naqueles malditos túneis.
Perguntei-me como é que alguém decide aceitar um trabalho deste género, seriam algum tipo de detectives ou investigadores privados, ou será que são daqueles agentes da polícia secreta, que são afastados das suas funções, por razões desconhecidas?
Parece que as minhas suspeitas eram muito mais virtuosas, do que a verdade em si. Tanto um como o outro eram ladrões. Não uns ladrões quaisquer, conheceram-se durante um assalto a um banco. De uma forma bastante estranha, estavam os dois, no mesmo estão momento a tentar assaltar o mesmo banco. Para nenhum sair a perder, decidiram trabalhar em conjunto. O que acabou por ser um sucesso, transformou-se num casamento e num par de vigaristas profissionais, capaz de enganar o mais profissional dos sistemas de segurança.
Há medida que contavam a sua história, conseguia ver o entusiasmo que os inundava, percebia-se o orgulho que tinham e como se sentiam os melhores do mundo (a nível criminal, claro…). O entusiasmo era tal, que até eu comecei a ficar entusiasmada com a história, e por momentos pareceu-me algo espantoso, como se estivesse a ver um número de circo.Mas, rapidamente voltei à realidade, eram criminosos e mereciam ser punidos. 
Uma vez que eram tão bons naquilo que faziam, como é que acabaram a numa casa mais velha do que a minha avó, e a espiar um bairro onde nada se passa?

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Troncos perdidos nos túneis

Ao contrário do que pensava, já sabia que direcção tomar e também não estava sozinha.
Antes de avançar, perguntei-me se seguir gritos desconhecidos, estando eu bastante longe da luz do dia, seria o mais aconselhável. Acho que não haveria outro caminho a tomar, apesar de existirem vários… Foi o único túnel que demonstrou algum sinal de presença de vida, mesmo que isso me pudesse tirar a minha.
Finalmente dei o primeiro passo em frente, em direcção ao local, que parecia ser a origem do barulho. Aquele lugar tornava-se cada vez mais esquisito, mesmo que já me estivesse a habitual a ele.
Após caminhar um pouco, começou a surgir um caminho de pedra. Como se alguém se tivesse lembrado de embelezar o local (sim, porque construir os próprios túneis, já não era suficientemente estranho), o que duvido que tivesse alguma utilidade, uma vez que não deveria ser habitual ter visitas.
Mas, se mantêm este sítio escondido, das duas, uma, ou é um local de tortura, ou há algo de muito valioso aqui escondido.
O túnel parecia nunca mais ter fim! E para piorar a situação, nunca mais ouvi a voz que me guiou até ali. Estava a ficar cada vez mais escuro, à medida que a luz, do candeeiro a petróleo, ia perdendo intensidade. Ao contrário da luminosidade, o frio era cada vez maior e o ar tornava-se mais pesado.

Com a pouca luz que existia acabei por tropeçar. Não percebia a razão, para existir alguma espécie de ramo ou tronco, ou outra coisa parecida ali perdida. Quando me tentei levantar, percebi que não tinha tropeçado num tronco, nem muito menos num ramo, o que ali estava era uma perna. Antes que pudesse entrar em pânico, reconheci a pessoa que ali estava. Era o senhor Dylan, e quando me recompus, vi que também ali estava a senhora Bridgit! Estavam amordaçados e atados com cordas, e conseguiam ver-me!