sábado, 4 de janeiro de 2014

Usar o tempo a nosso favor

Estavam-se a esquecer de um pormenor importante: no meio desta história, sem pés nem cabeça, onde é que a minha família, eu, e os problemas que apareceram do nada se encaixavam?
Pois, era esta a explicação que eu estava à espera. Na minha situação, a última coisa que me apetecia fazer era ouvir uma história estranha, debaixo de terra.
Mas, finalmente chegaram à parte importante. 
Tudo começou pelo princípio. Ao início, eles aperceberam-se que eu estava interessada em saber mais sobre a casa, a tentar perceber o que se passava. Sentiram-se ameaçados, porque havia alguém que desconfiava do que andavam a fazer.
Quando andava a tentar infiltrar-me na casa, na realidade consegui lá entrar e procurar por evidências em cada uma das divisões. Pelo que eu me lembro, nunca cheguei a passar da sala e a única coisa estranha que presenciei, para além das duas estranhas figuras que estavam à minha frente, tinham sido barulhos estranhos vindos da cave, quando os visitei durante a mudança.
Esta era a minha versão dos acontecimentos, a deles era diferente. Depois de terem recusado os meus serviços como jardineira, decidi voltar lá no dia seguinte e entrar na casa sem que ninguém percebesse. Visitei todas as divisões e revistei todas as gavetas. Num dos quartos, o mesmo quarto por onde tinha entrado para os túneis, encontrei, numa caixa de madeira. Esta caixa, tinha um aspeto acabado, não parecia ter qualquer valor, algo que chamava à atenção era uma inscrição em latim. Na tampa estava escrito: “Tempus mutatur”. Achei curioso, e como não poderia deixar de ser, abria-a. E lá estava, um relógio de bolso sem ponteiros.
Nesse exacto momento, ouvi passos no corredor e escondi-me debaixo da cama, esperando assim, que ninguém me encontrasse. Quando tive oportunidade voltei para casa, e com muita sorte consegui sair daquele lugar, sem que ninguém tivesse dado pela minha presença.
Tudo piorou quando cheguei a casa e percebi que, desastradamente, tinha colocado o relógio no meu bolso.
Entretanto, os vigaristas da casa ao lado tinham dado pela falta do precioso relógio. Apesar de saberem que as coisas não iriam correr bem para o lado deles, tiveram de avisar Elijah. Assim que soube, moveu vales e montanhas para tentar descobrir quem o tinha levado.
Acabou por descobrir que tinha sido eu, o que não iria ficar barato. Recuperou o relógio e estava pronto para me dar uma lição. Brincou com o meu passado, fazendo desaparecer o meu pai, e depois, fez-me desaparecer a mim. Mas certificou-se que ficava a assistir a um mundo, onde nunca poderia intervir, como se fosse uma alma perdida a vaguear pelas ruas.
Por isso, não tinha memórias do sucedido, para mim era como se tudo isto, que me tinham acabado de contar, nunca tivesse acontecido.

Para que tudo voltasse ao normal, tínhamos de voltar a pôr as mãos naquele relógio e usar o tempo a nosso favor. 

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