Pelo
desenrolar dos acontecimentos, percebi que o primeiro plano de sair dali sem
sermos vistos tinha saído furado.
Nem consegui
pensar num outro plano de fuga, achei que era o fim, estava encurralada. Podia
voltar para trás e percorrer novamente o caminho até ao subsolo, ou ia em
frente e muito provavelmente o resultado não iria ser muito bonito.
Mas, antes
de poder pensar numa terceira solução, os meus novos cúmplices começaram a
subir as escadas de um modo desenfreado. Atiram-se contra o opositor, acabando
mesmo por derrubá-lo. Tinha agora a oportunidade de voltar à superfície,
recuperar o relógio e tentar que a realidade volta-se ao seu estado normal.
Corri logo
atrás deles e apanhei a caixa que entretanto tinha sido atirada para fora do
quarto.
Assim que apanhei
a caixa, olhei para dentro do quarto à espera de qualquer tipo de indicações do
casal, uma vez que não fazia ideia de como utilizar o que tinha em mãos.
Mas tinham
desaparecido! O Elijah poderia ter sido derrubado, mas logo se pôs de pé e não
iria deixar passar a traição. Atirou-os aos dois para dentro do alçapão, de um
modo tão violento que tiveram morte imediata.
Agora, a
única pessoa com quem poderia contar era comigo mesmo, e não sabia qual era o
próximo passo.Comecei a mexer no relógio, revirei todos os botões e nada
acontecia. Era bom que descobrisse como arranjar a minha situação, ele já tinha
acabado com os outros dois e agora vinha na minha direcção. Fechei os olhos,
talvez numa tentativa de não presenciar o meu fim, e tentei pensar, que pelo
menos, durante uns segundos tudo aquilo não fosse verdade. Quando dei por mim,
tinha passado mais que tempo suficiente para que Elijah chegasse perto de mim,
por isso, abri os olhos. Estava agora no meu quarto, que já não era o quarto de
arrumos, era mesmo o meu quarto de sempre, com móveis e decoração incluídos.
Ouço a mãe a
chamar-me para tomar o pequeno-almoço, vou até ao corredor e consigo ouvir o
pai a cantarolar no banho. Desço as escadas e vejo o meu velho amigo Izzy, a
correr na minha direção, e começa a lambuzar-me a cara.
Parece que
tudo tinha regressado à normalidade, à minha normalidade. Pelos vistos, o poder
do relógio residia no pensamento de quem o possuísse, e parece que, os meus
últimos pensamentos, ou o que eu julgara serem os últimos, resolveram toda a
situação.
Sentei-me à
mesa da cozinha, e esperei que a mãe me servisse as suas deliciosas panquecas
de domingo, o cheiro destas delícias temperava o ambiente daquela manhã de sol.
A única
pessoa que ainda não tinha visto era o meu irmão. Então perguntei à mãe onde
estava o meu irmão. Ao que ela me respondeu:
- Irmão?
Qual irmão?! Já tivemos esta conversa muitas vezes, o pai e eu não quisemos ter
mais filhos. Temos-te a ti e olha que já nos dás trabalho a dobrar.
Ela não
podia estar a falar a sério, como poderia isto ter acontecido? Era óbvio que
alguma coisa tinha corrido mal neste processo. Nunca mais soube onde teria
ficado o relógio, o meu irmão desapareceu para sempre, assim como a casa ao
lado, que havia sido demolida.