Enquanto me encontrava no meu quarto a pensar nos meus
próximos passos, ouvia a porta da rua a fechar-se. Pensei que tivesse sido eu a
deixá-la aberta, uma vez que que tinha chegado com tanta pressa. Mas, depois
lembrei-me, e bastante claramente, que tinha batido com a porta à chegada.
Nestas últimas semanas, o meu irmão tem passado as tardes
numa espécie de ocupação de tempos livres. Não percebo o que ele vê naquilo,
fica o dia todo a cantar canções infantis e a pintar os mesmos desenhos, dias a
fio. Deve ser uma necessidade de integração, uma vez que todos os miúdos do
bairro vão para lá, ou ou porque não sobra ninguém que fique em
casa à tarde, uma vez que todos os miúdos passam todas as suas tardes naquele
local e não sobra miúdo para brincar.
Sabendo disto, como é que a porta se teria aberto sozinha?
Por momentos pensei que pudesse ser o pai, que tivesse regressado e que me iria
dar uma explicação plausível para a sua saída de casa, e que tudo o que passou
deixaria de ser uma incógnita.
Quando fui até às escadas ver quem era… Vi que era a mãe! Tinha
regressado do congresso! O que não deixava de ser bom, ao menos sabia que ainda
tinha mãe…
Desci as escadas o mais rápido que pude. Cheguei ao pé dela
e comecei a contar tudo o que se tinha passado, sobre como o pai tinha saído com
umas malas de manhã e ainda não tinha voltado, fazia dois dias.
Estava à espera de uma reação desesperada, que a mãe
desatasse a ligar para todos os números de emergência, hospitais e conhecidos.
Mas, em vez disso, mudou de assunto, como se não tivesse ouvido a gravidade da
situação que eu lhe acabara de contar.
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