sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Segunda dimensão

Comecei a insistir com ela. A perguntar se não achava a situação grave, se sabia de alguma coisa que eu não sabia. Mas, a reação dela era sempre a mesma, não me respondia, nem sequer olhava para mim.
Era como se eu nem estivesse mesmo à sua frente. Como se me tivesse tornado invisível.
De repente entra o meu irmão, logo atrás da mãe. Reparo que quando ela entrou estava a falar com ele, e não comigo. Dirijo-me ao meu irmão e pergunto-lhe o que se passa com a mãe, mas ele, passa por mim, não me responde e vai direito à sala.
Começo quase a berrar, numa tentativa frustrada de alguém me dar a atenção que estava a pedir e que merecia. Mesmo assim não consegui arrancar qualquer tipo de expressão daqueles dois, na realidade era como se não me tivessem ouvido.
Comecei a pensar que estivessem a ficar malucos, nem nos meus piores sonhos pensei que algo assim pudesse acontecer. Não estava a perceber nada.
Após tentar várias vezes que me ouvissem, o que acabou por não resultar, percebi que tudo o que eu fizesse não iria resultar. Quem devia estar a ficar maluca era eu! 
Estava presa numa espécie de segunda dimensão, presa em silêncio. Eu conseguia vê-los tocar-lhes e eles, nem ouvir um grito meu conseguiam. Já tinham acontecido coisas bastante estranhas durante estas últimas semanas, mas esta definitivamente batia qualquer acontecimento dos últimos tempos da forma mais assustadora possível. Como é que algo assim foi acontecer sem que eu desse por isso? Será possível alguém tornar-se invisível e muda de um momento para o outro?

Durante o meu momento de desespero, eis que a porta se abre novamente. Desta vez, por mais surpreendente que fosse, era o pai que tinha regressado, sem malas nem nada, como se tivesse acabado de voltar do emprego.

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