Comecei a insistir
com ela. A perguntar se não achava a situação grave, se sabia de alguma coisa
que eu não sabia. Mas, a reação dela era sempre a mesma, não me respondia, nem
sequer olhava para mim.
Era como se
eu nem estivesse mesmo à sua frente. Como se me tivesse tornado invisível.
De repente
entra o meu irmão, logo atrás da mãe. Reparo que quando ela entrou estava a falar
com ele, e não comigo. Dirijo-me ao meu irmão e pergunto-lhe o que se passa com
a mãe, mas ele, passa por mim, não me responde e vai direito à sala.
Começo quase
a berrar, numa tentativa frustrada de alguém me dar a atenção que estava a
pedir e que merecia. Mesmo assim não consegui arrancar qualquer tipo de
expressão daqueles dois, na realidade era como se não me tivessem ouvido.
Comecei a
pensar que estivessem a ficar malucos, nem nos meus piores sonhos pensei que
algo assim pudesse acontecer. Não estava a perceber nada.
Após tentar
várias vezes que me ouvissem, o que acabou por não resultar, percebi que tudo o
que eu fizesse não iria resultar. Quem devia estar a ficar maluca era eu!
Estava presa numa espécie de segunda
dimensão, presa em silêncio. Eu conseguia vê-los tocar-lhes e eles, nem ouvir
um grito meu conseguiam. Já tinham acontecido coisas bastante estranhas durante
estas últimas semanas, mas esta definitivamente batia qualquer acontecimento
dos últimos tempos da forma mais assustadora possível. Como é que algo assim
foi acontecer sem que eu desse por isso? Será possível alguém tornar-se
invisível e muda de um momento para o outro?
Durante o
meu momento de desespero, eis que a porta se abre novamente. Desta vez, por
mais surpreendente que fosse, era o pai que tinha regressado, sem malas nem
nada, como se tivesse acabado de voltar do emprego.
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