domingo, 29 de dezembro de 2013

Lagarto

A única forma de resolver o problema seria regressar ao local onde tudo aparentava ter começado.
Por isso, fiz o mesmo caminho, mas desta vez no sentido contrário. Ainda me lembro do entusiasmo que me inundava da primeira vez que visitei a casa. Desta vez, era o desespero que me controlava, tinha agora o que parecia a minha única oportunidade de reverter a situação em que me encontrava.
Quando acabei de percorrer o famoso jardim, não tive de bater à porta, desta vez encontrava-se aberta. Só podia ser um sinal de que estavam à minha espera, que sabiam o que me tinha acontecido e que muito provavelmente tinham culpa no cartório.
Entrei no salão, que continuava com o mesmo aspeto pouco asseado de sempre. Chamei pelos donos, mas não obtive nenhuma resposta. Tive medo que até eles não me conseguissem ouvir. Comecei a subir as largas escadas que davam para o segundo andar. Por mais irónico que possa parecer, estava a fazer exatamente o que desejara há semanas, só que agora era a última coisa que me apetecia fazer.
Como não encontrava ninguém nos corredores, abri uma das muitas portas que existiam naquele piso. Entrei num quarto, no meio estava uma cama enorme em tons de vermelho, em estilo dossel, com uma colcha de cetim, um pouco usada. O chão estava coberto por azulejos, e no centro estava desenhado o mesmo lagarto, que se encontrava lá fora na fonte do jardim.

Quando me aproximei reparei que os olhos do lagarto tinham algo de estranho, era como se fosse uma alavanca giratória!

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