segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Descida às profundezas

Quando tentei rodar a alavanca ela moveu-se, a cama desapareceu e revelou uma enorme escadaria. Aparentemente a cama era só uma forma de ocultar algo que não se queria ver revelado. As escadas estendiam-se em profundidade, de tal modo que não conseguia ver onde acabavam ou o que se encontrava lá em baixo.
Visto que já não tinha nada a perder, só me restava uma alternativa: entrar nas escadas sem fundo e rezar para que esta fosse a resposta.
Mesmo antes de entrar na escuridão total, olhei uma última vez para a grande janela que existia naquele quarto. O sol brilhante e o calor intenso tinham-se dissipado. Em pleno Verão, avizinhava-se uma grande tempestade. O céu estava tão negro, que fazia lembrar a escuridão em que estava prestes a mergulhar, não existia ninguém na rua, toda a gente se tinha recolhido nas suas casas… Imediatamente a seguir de ter pisado a primeira escada, as primeiras gotas de chuva começaram a cair, o que rapidamente se transformou numa corrente contínua de água, que quase nem me deixava ouvir os meus próprios pensamentos.
Felizmente (ou infelizmente), estava já a meio do percurso quando o barulho se começou a dissipar, não era que a chuva tivesse parado, simplesmente encontrava-me cada vez mais longe da superfície. Os meus olhos já se começavam a habituar à falta de luz, e apesar de ao que tudo indicava continuar invisível, o frio estava a aumentar e eu sentia-o bem! Mas, como já não tinha quarto, muito provavelmente, também as minhas roupas teriam desaparecido, por isso, nada de casacos para mim.
Na continuação da minha descida, iniciou-se um clarão, não sabia bem se estava a imaginar a aparição súbita de luz. O que ao início parecia imaginação revelou-se bem real! No final da escadaria encontrava-se uma lanterna antiga. Era igualzinha aquelas que o pai expõe na sala, e que se orgulha de dizer que são antiguidades, chama-lhes candeeiros a petróleo.
Parecia que esta visita estava a melhorar, até começar a piorar… Com a luz da lanterna, vi que me encontrava num túnel, ou melhor eram vários os túneis por onde poderia escolher.

Fiquei num impasse, sem saber que caminho tomar. Estava sozinha, a vários metros da superfície e agora tinha uma decisão para tomar, que iria ser tomada através de uma mera escolha aleatória. Era o que eu pensava, até ouvir gritos vindos de um dos túneis…

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