domingo, 22 de dezembro de 2013

Desaparecido

Num primeiro momento não percebi muito bem o que o meu irmão queria dizer com aquilo. Pensei que estivesse a exagerar, o pai apenas tivesse saído e estava a demorar um pouco mais. Mas, quando o vi num pranto, percebi que o problema estava tudo menos relacionado com uma ida às compras demorada.
Fazia uma semana que a minha mãe tinha viajado para ir a um congresso de dentistas.
Ainda não tinha referido, mas a minha mãe é dentista. Trabalha no consultório do senhor Jaime, um homem bastante conservador, com graves problemas de visão. Sempre me interroguei como trataria ele dos seus pacientes, e por isso, sempre me recusei a ser atendida por ele quando tinha uma dor de dentes.
E nos últimos dois dias, tínhamos deixado de a conseguir contactar. Não era nada que nos surpreendesse, uma vez que, a mãe tinha comprado um telemóvel descartável para a viagem, que muitas das vezes não durava muito. Tinha uma ideia fixa de que nunca iria comprar um telemóvel, logo,  sujeitava-se aos descartáveis.
Com a minha azáfama com a casa ao lado, nem tinha reparado que ainda não tinha visto o meu pai naquele dia.  Procurei na casa toda por um bilhete, ou algum tipo de recado, uma justificação para este desaparecimento repentino... Mas não havia nada!
É claro que o pai poderia ter saído mais cedo e ter-se esquecido de nos avisar. Conhecendo o meu pai, posso dizer que muito dificilmente ele faria algo do género, principalmente não estando a mãe em casa.

Ficava  agora a possibilidade de ter de passar a noite sozinha em casa, com o meu irmão, sem notícias dos meus pais. E para agravar a situação, com vizinhos suspeitos mesmo na casa ao lado.  

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