Tinha chegado a noite e ainda não havia notícias do pai e
muito menos da mãe. Era suposto a mãe voltar daqui a dois dias, e esperava que
assim acontecesse.
Decidi manter a calma para bem da minha sanidade, mas
principalmente para não deixar o meu irmão nervoso.
Tentei fingir que não estava a acontecer nada de anormal. A
minha primeira reação foi dizer-lhe que tinha sido avisada, que o pai me tinha
dito que ia passar aquela noite no quartel.
Lá fora estava noite cerrada e as únicas luzes que se viam
eram as de uns carros que passavam de muito em muito tempo. Até a lua estava
com um aspeto estranho, nuvens escuras encobriam-na e não deixavam nada a descoberto.
A casa dos vizinhos tinha um ar três
vezes mais assustador e misterioso mas, posso dizer que naquela noite, não me
despertava nem metade do interesse.
Apesar de o meu irmão achar que estava tudo bem, era como se
soubesse que algo se passava pois, demorou imenso tempo para adormecer. Faltava
o pai para lhe contar histórias antes de adormecer, todos os dias tinha uma
nova história, nunca percebi como conseguia ter tanta imaginação. Faltava
também a mãe, para lhe compor os lençóis e desejar as boas noites.
Isto tudo parecia vindo de um mau filme, uma situação que
achamos que nunca nos poderia acontecer, algo tão irreal, que só podia ser um sonho…
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