segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Noite

Tinha chegado a noite e ainda não havia notícias do pai e muito menos da mãe. Era suposto a mãe voltar daqui a dois dias, e esperava que assim acontecesse.
Decidi manter a calma para bem da minha sanidade, mas principalmente para não deixar o meu irmão nervoso.
Tentei fingir que não estava a acontecer nada de anormal. A minha primeira reação foi dizer-lhe que tinha sido avisada, que o pai me tinha dito que ia passar aquela noite no quartel.
Lá fora estava noite cerrada e as únicas luzes que se viam eram as de uns carros que passavam de muito em muito tempo. Até a lua estava com um aspeto estranho, nuvens escuras encobriam-na e não deixavam nada a descoberto.  A casa dos vizinhos tinha um ar três vezes mais assustador e misterioso mas, posso dizer que naquela noite, não me despertava nem metade do interesse.
Apesar de o meu irmão achar que estava tudo bem, era como se soubesse que algo se passava pois, demorou imenso tempo para adormecer. Faltava o pai para lhe contar histórias antes de adormecer, todos os dias tinha uma nova história, nunca percebi como conseguia ter tanta imaginação. Faltava também a mãe, para lhe compor os lençóis e desejar as boas noites.

Isto tudo parecia vindo de um mau filme, uma situação que achamos que nunca nos poderia acontecer, algo tão irreal, que só podia ser um sonho…

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