Depois das minhas suspeitas, pouco fundamentadas, em relação
aos novos vizinhos, decidi conhecê-los melhor. Para isso, aprovei a boleia do
pai, que como um homem prestativo que é, foi apresentar-se e perguntar se
precisavam de ajuda.
Quem conhece o pai sabe que é bastante solidário, às vezes
até demais, o que deixa a mãe um pouco irritada. Pois, ela está sempre a dizer
que devia pensar um pouco mais nele e na família. No inverno passado até se inscreveu na corporação de bombeiros, com o intuito de poder ajudar mais
pessoas. Tal acontecimento fez com que o Natal tivesse de ser passado em nossa
casa, em vez da habitual noite de Natal com os avós, porque o pai ia chegar
tarde naquela noite.
O meu pai usa sempre os mesmos fatos desgastados de tons de
verde e bege, às vezes penso se a roupa que ele veste num dia não é exactamente
a mesma do dia anterior. E tem sempre o mesmo penteado desgrenhado como se tivesse
acabado de sair da cama.
Era a primeira vez, que entrava naquele
jardim, assim que se entrava não parecia haver saída. As plantas trepadeiras cobriam
as paredes da casa, as árvores deformadas cresciam em torno do jardim e os
ramos cobertos de folhas, que não eram aparados há bastante tempo, fazia com que
os ramos de todas as árvores se embaraçassem, o que impedia que a luz do sol chegasse
ao nível do chão. A relva, se assim se
pode chamar, já quase que estava à altura dos meus joelhos. Mas, o que me
chamou mais à atenção foi a fonte, plantada no centro, tinha a estátua de um
lagarto enorme sentado numa pedra, com a boca aberta, por onde em tempos
deveria escorrer água.
Chegamos finalmente à porta e toquei à campainha, novidade, não tocava… Por isso, tivemos de bater à porta. Depois de algum tempo, ouvimos
uns passos lentos e pesados, estava alguém a aproximar-se da porta.
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